domingo, 28 de junho de 2009

AI, AI, UI, UI!

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos...”
Charles Chaplin (1889 - 1977)
Ator e cineasta britânico


Um esbarrão em uma câmera do estúdio. Foi tudo o que bastou para tirar do ar, pelo menos temporariamente, a apresentadora Maisa, funcionária do Sistema Brasileiro de TelevisãoSBT. O fato ocorreu no dia 17 de maio no já extinto quadro Pergunte pra Maisa, do Programa Silvio Santos, que era exibido nas tardes de domingo. Ou seja, ao sair correndo, chorando, após um comentário debochado de Silvio Santos, referindo-se ao fato de ela ter chorado, no domingo anterior, 10, quando viu um garotinho fantasiado de monstro, Maisa não gostou do comentário e foi em busca da mãe, nos bastidores. No caminho, bateu com a cabeça em uma câmera.




Chorando ainda mais, enquanto Silvio Santos limitava-se a zombar, ela ficou tão atordoada que não sabia o que fazer: ia do palco aos bastidores, à procura da mãe, e vice-versa. E, apesar de reclamar da dor, o seu “patrão” permanecia impassível, dando gargalhadas, aproveitando-se da situação para, provavelmente, aumentar a audiência. O curioso é que, mesmo dolorida, Maisa saiu-se mais madura do que Silvio Santos, porque, certo momento, disse que queria ir embora e depois gravava dois programas, ao invés de um, para compensar a sua saída abrupta. Em vão, coitada! O dono do baú sequer desceu do seu pedestal para consolá-la.


Piorando a situação, Silvio Santos clamou a todos para chamar Maisa de medrosa. Em uníssono, o auditório obedeceu: “Medrosa, medrosa, medrosa...”. Haja mais chororô! E, mesmo indo de um lado para o outro, feito uma baratinha tonta, a criança ainda teve presença de espírito para dizer que amava Silvio Santos – que bonitinho! –, embora, de fato, ela estivesse sofrendo, fazendo sinal com um dos dedos onde doía na cabeça. O apresentador, por sua vez, parecia nem ouvir os seus apelos, Enquanto isso, nos bastidores, a mãe lhe deu um copo com água para ela beber. De volta ao palco, Maisa voltou a insistir com o seu “patrão” que estava com muita dor.




Curiosamente, demonstrando uma indiferença fora do comum, Silvio Santos só fazia gargalhar e ela desistiu de insistir, mais uma vez dirigindo-se aos bastidores, dizendo que se não fosse embora jogaria o copo com água em uma das mulheres do auditório. Mas, por educação, não o fez e, elegantemente, já na saída do palco, repetiu que gostava de Silvio Santos, mas que, por ora, o Pergunte pra Maisa tinha acabado e que ela estava indo embora, despedindo-se de todos. De fato, uma dama! E bastante profissional. O fato, contudo, chamou a atenção de órgãos públicos do país, que atuam em defesa dos direitos da criança e do adolescente em quaisquer situações.




Preocupados com a integridade psicológica, física e social da criança, abriram o Caso Maisa e tomaram as medidas que acharam cabíveis para solucioná-lo. Desde então, tenho estado à espera de uma declaração de Silvio Santos a respeito, mas, como não soube de nenhuma, resolvi, mesmo assim, postar este texto. Mas, afinal, quem é a nova febre da televisão brasileira? Inteligente, gracinha, piadista, precoce, genial, fenômeno... Os adjetivos são muitos para qualificar Maisa Silva, que nasceu no dia 22 de maio de 2002, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que, ao completar três anos, pediu aos pais um inusitado presente de aniversário.




Ou seja, conhecer um brasileiro em especial: o apresentador de televisão Raul Gil, que, à época, mantinha o Eu e as crianças, quadro de um programa da Rede Record, resultando do encontro um contrato de trabalho para a garotinha. O primeiro. Comunicativa por excelência, a pequena geminiana começou dublando músicas de sucesso e, aos poucos, foi sendo promovida, até se tornar secretária de palco do quadro infantil no qual havia conhecido Raul Gil, recebendo, por isso, um cachê de R$ 1.500,00. Certo dia, contudo, Maisa despertou a atenção do apresentador Silvio Santos.



Um sagitariano esperto e matreiro que só ele, que adora arriscar e se aventurar, o dono do SBT logo propôs à criança mudar de emissora. O salário, à época? R$ 15.000,00. E Maisa mudou. Ganhou um programa só para ela – Sábado animado – uma terapeuta, fama, uma legião de fãs e picos de audiência – já tendo, aliás – diga-se de passagem –, desbancado a rainha dos baixinhos, ainda aproveitando o ensejo para esnobá-la: “Coitada da Xuxa...”. Achando pouco, encerrou com o bordão da adversária: “Beijinho, beijinho, tchau, tchau!”. Vejam só se pode um troço desse! Xuxa, por sua vez, não torce o nariz para a concorrente.




Nem podia! Mesmo porque, no auge dos seus quarenta e seis anos, Xuxa não tem mais idade para isso. Ao contrário! Admira a pérola de Silvio Santos: “Adoro a Maisa e quero muito conhecê-la. Gostaria de dar toda a força do mundo para que essa menina aconteça ainda mais”, lembrando que “quando ninguém a conhecia, eu gravava os vídeos dela na TV de casa e ria muito com tanta espontaneidade”, confessou. O fato é que Maisa virou celebridade instantânea e, hoje, com quase dois anos de SBT, é perseguida, em crescente assédio, por um bando de paparazzi de plantão, inclusive, coitada, na escola onde ela estuda.




Na escola, contudo, um dos deveres dos seus educadores é o de trazer Maisa para o mundo real: “Aqui [escola], ela não dá autógrafos e temos um programa de adaptação para que aprenda a lidar com a fama”, disse um professor, que aproveitou para ressaltar a sua aplicação nos estudos. Só que como ela fala! Tanto que é preciso contê-la para que os demais alunos possam também falar. Porém, de folga, do SBT e da escola, Maisa costuma brincar de boneca e com os amigos do condomínio onde mora. Além disso, a criança prodígio costuma andar com um inseparável caderninho de anotações e desenhos, já que escreve e lê bastante.




Para a psicóloga Elaine Haddad, Maisa já está pronta para a fama: “Crianças como ela, que nascem imersas na cultura da mídia, apresentam uma organização de pensamento construída nessa nova vivência e isso Maisa mostra quando fala e se coloca”, embora alerte: “Mas, é preciso que se separe vida íntima de trabalho”. E o problema que ora se apresenta nada mais é do que excesso de compromissos que a criança assumiu, já que responsabilidade ela tem. Provas de profissionalismo em tudo o que faz, inclusive, ela já o deu. O apresentador Silvio Santos, por sua vez, com os olhos na mídia e um faro especial para cifrões, percebeu a genialidade de Maisa.



Daí aproveitá-la em outras atrações da emissora, criando, inclusive, o polêmico quadro Pergunte pra Maisa, exclusivamente para ela – para ele também, óbvio – em seu programa dominical Programa Silvio Santos. Conseqüentemente, aumentou o salário de Maisa, que, com rendimentos avantajados, avantajou, ainda mais, a sua verborragia não tão verborrágica assim, mas engraçada e inteligente, como ela tem se mostrado ser. O detalhe, entretanto, é que Maisa dá um banho de esperteza, desenvoltura e artimanha em seu “patrão”, como ela se refere a Silvio Santos, a hora que quer e bem entende. Depende do seu humor.




Sem papas na língua, ela já teve, por exemplo, a ousadia de dizer que o todo-poderoso do SBT é um mentiroso e, quando ela não quer estender um determinado assunto, muda de assunto ou começa a imitá-lo: “Ai, ai, ui, ui!”. Ou, então, coloca o dono do Baú dentro de uma saia para lá de justa! “É verdade que você vai ao cabeleireiro e coloca um cabelo que é uma peruca?”, perguntou ao apresentador, que retrucou sorridente: “Você tem alguma coisa a ver com a minha vida?”. Pouco depois, aproveitando-se de um descuido do “patrão”, ela puxou o seu cabelo. Surpreendeu-se com o que viu: “É peruca!”, exclamou, com a satisfação de quem ganha um brinquedo.




Todo o auditório riu. E os telespectadores também. O que surpreende todos, contudo, é que Silvio Santos e Maisa criaram uma relação recíproca de admiração e deboche. Algumas vezes, de extrema grosseria e desrespeito. Para a psicóloga infantil Thais Guimarães, embora seja apenas uma criança, “a menina abusa e o Silvio Santos abusa de volta. Há uma escala de agressão e todo mundo vê e bate palma. Não é colocado limite à Maisa porque o público quer ver o circo pegar fogo”. E como pega! Outro exemplo, portanto, dessa crescente escala de agressão, foi o dia em que Silvio Santos lhe perguntou se ela gostaria de se casar com ele.



De supetão, para infelicidade do apresentador, a pequena prodígio respondeu sem medir as palavras: “Eu? Quem disse que quero casar com um idoso? Nem que me paguem um milhão! [...] Você é chato, fifi, horroroso. Seu velho, sua pele está caindo aos pedaços...”. Em outra vez, ao dizer que o avô da garota era velho e enrugado, ouviu como resposta que ele era assim porque não fazia plásticas e não dormia no formol, como Silvio Santos, que, segundo ela ouvira, também era “chifrudo”. Ainda sem deixar barato a provocação, Maisa disse que o “patrão” era vaidoso e passava batom e gloss: “Eu já vi em seu camarim”, disse, implacável.




Certa feita, sem entender direito uma piada feita por Silvio Santos sobre vacas, ela disse: “Vaca é sua mãe, Silvio!”. E Thais Guimarães insiste: “Limites não foram impostos à garota”. Sim, mas a Silvio Santos também não. Ela, pelo menos, vale-se da condição de ser uma criança e de não ter papas na língua. Nem mesmo quando se refere a algum programa de uma emissora concorrente, embora sem dizer o nome: “É palavrão, cara!”. Em outras situações, sai com outras tiradas hilárias. Tipo: “Sou chique, bem! Sou apresentadora de primeira classe!”. E ela não mente, embora já tenha soluçado, arrotado e dado pum no ar.




Só não está autorizada a dar entrevistas, devido uma cláusula contratual. Porém, fatura com merchandising e a venda de produtos licenciados em seu nome, como a de uma boneca com o seu rosto e cachinhos, lançada este ano, que repete algumas das suas famosas tiradas, e custa R$ 95,00, além de uma linha de sandálias que chega as lojas até dezembro próximo. Os seus agentes? Silvia Abravanel, filha de Silvio Santos, e o marido. Ou seja, tudo em família. Falando nisso, e a família de Maisa? Apesar de não dar entrevistas, a mãe da menina prodígio, Gislaine Silva, 30, chegou a dizer que não deixa Maisa falar com a imprensa para ela não ficar ainda mais exposta.




E, demonstrando mágoa, insinuou que certas pessoas fazem brincadeiras de mau gosto com a filha. A mãe da nova pop star mirim brasileira deve, provavelmente, ter se referindo ao pessoal do programa Custe o que custar - CQC, da Band, que já se apresentou usando perucas de cachos para homenagear Maisa: “A gente fica na dúvida se ela é uma menina ou se é um adulto fantasiado”, disse Marcelo Tás, acrescentando: “Mas não pegamos pesado com ela. E o apresentador concluiu: “Maisa conquistou um público que não é o infantil”. E ele tem razão, já que, freqüentemente, muita gente grande – inclusive eu – gosta de ver as peripécias da garotinha.




E, apesar de funcionária do SBT, Maisa já confessou ao “patrão” que adora o CQC. E como! No rol das preferências de Maisa? O humorístico Pânico na TV, na Rede TV!, que lançou a campanha Fala Maisa, a fim de a menina conceder a sua primeira entrevista. No caso, ao programa, que, aliás, criou a personagem Malisa, a menina monstro, interpretada por Cesar Polvilho. Já Rodrigo Scarpa não escondeu as suas preferências: “Adoro a Maisa. Ela é um fenômeno e tem um impressionante domínio da câmera”, justificando que Malisa, a personagem, é apenas uma sátira. A Maisa apresentadora, por sua vez, tem uma rotina cheia: escola, deveres de casa, gravações...




As sextas, ela viajava a São Paulo, onde gravava o Pergunte pra Maisa. Já aos sábados, gravava, ao vivo, o Sábado animado – não mais o Domingo animado –, quando recebe tratamento de estrela: a sua produção demora quase duas horas e ela tem mais de cinqüenta vestidos a sua disposição, conta uma figurinista do SBT. Ah! Uma curiosidade... Certa vez, no Pergunte para Maisa, Silvio Santos comentou com a pupila: “Estão dizendo aqui, na revista [não mostrou qual], que a gente combina tudo o que vai fazer antes de entrar no ar”. Na lata, Maisa disse: “Olha que revista mentirosa! Não combinamos nada!”.



Uma das cenas mais vistas na internet, inclusive, é a da peruca de Silvio Santos. O vídeo, aliás, tornou-se um dos sucessos instantâneos da rede, com mais de um milhão de acessos. Ao todo, são mais de cinqüenta vídeos com as tiradas de Maisa e as suas peripécias. E haja acesso, sobretudo ao vídeo onde mostra o esbarrão na câmera do estúdio – motivo de toda a polêmica. Polêmicas à parte... Já este ano, a Band homenageou Maisa, reprisando a sua participação no quadro Pra quem você tira o chapéu, do programa Raul Gil Tamanho Família, gravado no dia 13 de outubro do ano passado, em comemoração ao Dia da Criança.




A apresentadora teria tirado o chapéu para os professores, mas não o tirou para a bebida, o cigarro, para quem agride a natureza nem para o trabalho infantil obrigatório, aproveitando para dizer que está na televisão porque quer e gosta. É! Só que, pequena notável, a farra vai acabar, já que, no último dia 22, a juíza Ana Helena Rodrigues Mellim, acatou o pedido da promotora estadual da Infância e da Juventude de Osasco, Susana Müller, solicitando a cassação do salvo-conduto dado ao SBT para que Maisa participasse do quadro Pergunte pra Maisa, alegando que a sua exibição constante no programa feria o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.




Feria e fere, também, direitos constitucionais, ressaltando que a participação de Maisa no Programa Silvio Santos não observa “o direito à liberdade e o respeito à dignidade do ser humano em desenvolvimento”. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal - MPF em São Paulo, por sua vez, pediu a emissora cópia das gravações do quadro Pergunte pra Maisa exibidos no dia 10 e 17 de maio. Além disso, o procurador Pedro Antônio de Oliveira Machado exigiu ao SBT informações a respeito das crises de choro da menina, enfatizando que Maisa passou situações de “pranto convulsivo e aparente estado de desespero”.




Enquanto isso, ele prossegue, “o apresentador e animador de auditório, senhor Abravanel, aparentava extrema tranqüilidade e alegria com o desenrolar dos fatos”. Segundo o jornal O Dia, do Rio de Janeiro, a emissora, através de sua assessoria de imprensa, disse que, apesar de estar viajando pelos Estados Unidos, só retornando ao Brasil no início de junho – já retornou –, Silvio Santos teria acatado a decisão da Justiça, tirando do ar o referido quadro do Programa Silvio Santos, que comanda nas tardes de domingo. Ainda segundo a Folha de São Paulo, o MPF iria apurar possíveis medidas contra o SBT.




Medidas essas, aliás, segundo Oliveira Machado, que começariam pela preservação e proteção de Maisa “contra atos de exploração da sua força de trabalho e as condições das suas atividades e saúde física e psicológica”. O procurador disse, ainda, esperar que os promotores do estado de São Paulo adotassem “medidas pertinentes, quanto ao que determina o ECA sobre ‘submeter criança a vexame ou a constrangimento’ e descumprimento dos deveres dos pais na proteção da criança, previstos nos artigos 129, 232 e 249”, do referido Estatuto. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Ministério Público do Trabalho também investigaram.


Em reportagem ao site Terra, o advogado Carlos Nicodemos, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, sugeriu que “há fortes indícios de que ela [Maisa] está passando por um sofrimento”. Para ele, se o juiz que analisa o caso determinar que a menina está tendo os seus direitos como criança desrespeitados, ele pode tirá-la do ar. Da mesma forma, caso o telespectador ou o auditório – muito improvável – ou, ainda, o público de um modo em geral, se sentir incomodado com o modo como Maisa está sendo tratada, pode acionar o Conselho Tutelar, uma vez que a lei garante que qualquer um pode fazê-lo.




E as manifestações de solidariedade à Maisa chegaram de toda parte. Marcelo Tás, do humorístico CQC, teria enviado um recado à criança, dizendo que ela estava sendo maltratada e humilhada por Silvio Santos e disse que, enquanto essa situação não se resolvesse, os vídeos já gravados não iriam ao ar. Membro do Conselho Estadual Dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo, João Carlos Guilhermino da França declarou que as cenas divulgadas, nas quais Maisa chora e a sua dor é menosprezada por Silvio Santos, são suficientes para que o Conselho do qual faz parte entre com uma ação no Ministério Público. E o foram.




E ele vai mais além. Diz que se for comprovado que Maisa sofreu constrangimentos no SBT, ela poderá ter a licença de trabalho cassada. Uma medida paliativa, disse a psicóloga Thais Guimarães. Para ela, “muita coisa precisa ser feita. A Maisa não faz idéia do que está acontecendo”. Já o psicólogo Yves de La Taille acha que “é um absurdo o que os pais e o apresentador fazem com a criança, que precisa ter intimidade e ser preservada”. Para de La Taille, “é bem típico da sociedade do espetáculo, em que a criança é vista hoje como um consumidor”. Segundo ele, todo mundo é culpado: os pais, o apresentador e o público, todos entregues a Silvio Santos.




E concluiu: “É mais subserviência e reverência à celebridade do que uma relação de crueldade”. Bom! O fato é que uma discussão foi reaberta: a do trabalho infantil. Não importa se bem ou mal remunerado ou não remunerado, em condições ou não dignas. Maisa está na primeira categoria, além de, até, está salvaguardada pela própria lei. Mas, quais os limites dessa garantia legal? Onde fica o respeito a sua integridade física e moral? E a sua exaustão, após horas de produção e gravações? Na escola já se viu que se o seu aproveitamento é bom, mas, e a sua cabecinha como fica, diante das humilhações que sofreu?



Imagine, então, caro leitor, a polêmica que seria caso ela fosse autorizada a dar entrevistas... Eu não as perderia por nada desse mundo. Deixar de ver essa carinha sapeca? Tão sapeca e tão infantil. Uma criança – motivo que levou a Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Osasco a revogar a sua licença para gravar no Programa Silvio Santos, o que a deixou entristecida. Brenna Scarpel Boschi, por sua vez, conselheira tutelar de São José dos Campos, visitou Maisa em sua casa e concluiu que ela precisa da ajuda profissional de um psicólogo e que, daqui para frente, será acompanhada por um.




A conselheira disse, também, que conversou com os pais de Maisa e que eles não entendem o motivo de tamanha repercussão. Já o Ministério Público entrou na Justiça contra o SBT, exigindo uma indenização de R$ 1 milhão. Curiosamente, o valor da indenização será revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT. Segundo o procurador Orlando Schiavon Júnior, da Procuradoria do Trabalho do Município de Osasco, a acusação amparou-se na falta de comprometimento da emissora em cumprir com algumas exigências referentes ao trabalho do menor abaixo de dezesseis anos, entre outras coisas.




Entre elas, a de fazer, ainda, Maisa cobrir as férias dos dois apresentadores, também menores, do programa Bom dia & Companhia, no mês de janeiro de 2008, e que ela só estaria autorizada a trabalhar nas tardes de quarta-feira. O que não acontece. Enfim! Pelas situações recentes vividas por Maisa, consideradas vexatórias pelo Ministério Público, terminou que ela, de fato, ficou proibida de aparecer no dominical Programa Silvio Santos. Porém, quem quiser pode vê-la no Sábado Animado pelas manhãs. Pertinente questionar, contudo, a atitude do Ministério Público em dedicar tanta atenção à Maisa.




Teria sido tal atitude apenas um excesso de zelo ou uma medida tomada apenas para atrair a atenção da mídia para o órgão? Afinal, existem cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes de cinco a dezessete anos que trabalham no Brasil – a maioria em condições subumanas –, o que representa, aproximadamente, 12,71% do total das crianças e jovens brasileiros nessa faixa etária. Por que, então, o Ministério Público não faz, também, tanto estardalhaço com esse grave problema? E a indenização de R$ 1 milhão, que deveria ter sido paga pelo SBT à Maisa, em uma conta específica? Afinal, ela foi a vítima! E não o FAT, fundo para o qual foi revertida a indenização. Só no Brasil, mesmo...




Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989

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