sábado, 9 de outubro de 2010

BRASÍLIA TREME...



“Nem todo tremor é Parkinson...”.

Alvino Dutra
Neurologista brasileiro

 
Como se já não bastassem os cento e vinte dias consecutivos de seca – das brabas! – no Distrito Federal, ou seja, quatro meses de estiagem, com rachaduras a comprometer o solo do Cerrado e a sola do pé dos que nele vivem, sem falar da tempestade de areia que, no dia 28 de setembro, engoliu Brasília, mais parecendo o véu maculado de uma noiva a caminho do cadafalso, deixando, de longe, o Palácio do Planalto, por exemplo, na Esplanada dos Ministérios, invisível a olho nu, na tarde desta sexta-feira, 8, às 17h17, um tremor de terra, o maior já sentido no Distrito Federal, surpreendeu a capital do Brasil. Segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília – UnB, os abalos foram provocados por um terremoto de 4,5 pontos na escala Richter, considerado de grande magnitude para os parâmetros brasileiros, cujo epicentro deu-se no município Mara Rosa, na região ao norte de Goiás, na divisa com o Tocantins.

Porém, não foi essa a avaliação do renomado Serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos – USGS. Segundo reportagem do jornal Correio Braziliense, o USGS anunciou que o terremoto chegou a 5,0 pontos, tendo ocorrido numa profundidade de 14,8km, com epicentro 75km ao norte de Uruaçu - GO, 235km ao sul de Gurupis - TO, 255km a norte-noroeste de Brasília e 275km a oeste-sudoeste de Campos Belos - GO. O fato é que, até agora, de acordo com os especialistas do Observatório Sismológico da UnB, a localização exata, as causas do terremoto, incomum aos padrões brasileiros, e a sua intensidade são, ainda, uma incógnita. E que os tremores que abalaram Brasília foram os maiores já sentidos no Distrito Federal. Além disso, eles não descartam a possibilidade de novos terremotos na região, que podem se repetir em escala maior ou menor. Por esse motivo é que, nos próximos dias, o observatório ficará em alerta máximo.

Afinal, no dia 4, também no município de Mara Rosa, que sofre constantes abalos sísmicos, porque fica no linear brasiliano – ignoro o que seja –, outro terremoto, de magnitude 3,5, já havia sido sentido, contrariando a tese de que, “normalmente, as réplicas de tremores têm intensidade menor do que o primeiro”. Por isso que, “como se trata de um fenômeno da natureza, não há como dar qualquer garantia ou fazer previsões”. Para o especialista George França, em entrevista concedida ao Correio, os danos materiais provocados pelo terremoto e os seus reflexos são proporcionais à precariedade das habitações. Caso de Mara Rosa, destino de mergulhadores brasilienses nos fins de semana, cujas edificações do centro da cidade são muitas antigas, a exemplo do prédio onde funciona o consultório da odontóloga Lígia Facundo, que atendia um paciente quando percebeu o tremor, pensando que tudo fosse afundar: “Foi horrível”, disse.

Daí que o especialista George França faz um alerta: “Se as casas e prédios não têm boa estrutura, correm mais risco de desabar com os tremores”. Ainda segundo o especialista, são geralmente as regiões mais pobres “que sofrem com os sismos e os governos tendem a apenas transferir as famílias do local o que não resolve o problema se as habitações não tiverem boa estrutura”, disse. Enfim! Complementando a reportagem do Correio, uma mensagem de utilidade pública foi destinada aos leitores, que é a de, caso novos tremores ocorram nos próximos dias, a orientação é a de não entrar em pânico. E a jornalista Adriana Bernardes esclarece: “Ao sentir a terra tremer, a primeira coisa a fazer é cobrir a cabeça com as mãos e, se der tempo, se esconder debaixo de uma mesa ou posicionar-se sob um portal. Caso esteja deitado, cubra a cabeça com um travesseiro imediatamente e, se avaliar que há tempo, entre debaixo da cama”.

Além disso, é imprescindível desligar o gás de cozinha e ficar longe de janelas e armários altos, porque os vidros podem se estilhaçar e os móveis caírem. Aí, quando a terra parar de balançar, as pessoas devem procurar áreas livres. “Não é recomendado se aproximar de edifícios, de linhas de transmissão, muros, árvores ou monumentos. Se estiver em edifícios, não use elevador ou escada durante o abalo”. Para George França, quem está em prédios altos sente mais o tremor, já que eles balançam naturalmente. “Quando a frequência natural do prédio entra em sintonia com a frequência do tremor da terra, ele tende a balançar mais. Foi por isso que as pessoas que [em Brasília] estavam em edifícios sentiram mais do que as que estavam em terra firme ou em automóveis”, explicou. O também especialista George Sand, do Observatório Sismológico da UnB, ressaltou que se o epicentro do terremoto tivesse sido o Distrito Federal, os danos não seriam poucos...


Tenha dó! Aí, a avaria seria ao cubo, já que a quantidade de tremores que temos visto em Brasília, de natureza as mais diversas, não é pouca... E haja turbulências!

 


O curioso – convenhamos – é que foi exatamente no dia em que teve início a propaganda eleitoral gratuita – rádio e televisão –, para os candidatos a governador que passaram para o segundo turno das eleições em várias unidades da Federação, bem como para os candidatos a presidente, que o terremoto veio à tona em Mara Rosa, repercutindo no Distrito Federal, sobretudo em Brasília, com tremores que, inclusive, chegaram a abalar até as bases de sustentação dos programas de campanha dos presidenciáveis. Por essa – imagino –, eles não esperavam. Nem muito menos os cartunistas brasileiros, que, sempre atentos, munidos, sobretudo, de humor, só querem um pé para criar divertidíssimas charges, retratando o que, no caso do Brasil, contemplando aí os escândalos na política, as eleições e qualquer outra fonte de inspiração, bem poderia ser chamado de Escatologia a moda da casa. O fim dos tempos, porque haja desgraça!


Luz no fim do túnel?



Pelo andar da carruagem, acho difícil!


Enquanto isso...

 

“Lava roupa, todo dia, que agonia...”.

Luiz Melodia
Músico brasileiro


Enfim! Teve início, nesta sexta-feira, 8, a propaganda eleitoral gratuita – rádio e televisão – do segundo turno para os candidatos a governador e a presidente. A diferença, contudo, das propagandas anteriores ao pleito do dia 3, cuja maioria dos candidatos nos dava até ânsia de vômito, será a quantidade reduzida dos mesmos, o que não impede – convenhamos –, que as baixarias continuem as mesmas. Já começaram, aliás, e vergonhosamente, antes mesmo de irem ao ar os primeiros dos programas, com escândalos envolvendo a vida íntima de alguns candidatos. No entanto – é bom prevenir –, vai dar de tudo, sendo as propagandas, entretanto, de 1001 utilidades: o telespectador/eleitor sofre, se entendia, dá risadas, se emociona, chora, roga praga, xinga, quer meter o pau, quebrar a televisão... Sim, as reações são as mais diversas e adversas. Porém – uma advertência –, as propagandas não são lá muito recomendáveis para quem tem, por exemplo, síndrome de pânico, caso – suspeito – do pobre Alfredo...

 
 

De qualquer modo...




Dá até para chorar, esquecer um pouco o dia árduo à beira do fogão, da pia, lavando o que vier pela frente...




É possível até tricotar! E, inclusive, com uma ajudinha dos incautos...




E aprender, por exemplo, que pedir nunca é demais. Não tira pedaço e o mínimo que a pessoa que pede pode receber é um não. No caso, o do eleitor, que, não é de hoje, não é lá muito chegado a um assédio – ainda mais de pedintes.




Além disso, a propaganda eleitoral pode até ser educativa, já que é liberada para todas as faixas etárias, propiciando a uma criança, por exemplo, a rara oportunidade de poder comparar os bons conselhos que recebe em casa com as ditas verdades dos candidatos, chamados, injustamente – coitados – de má influência. Quanta calúnia!




Ah! E as propagandas eleitorais também podem ser uma ótima chance para que uma criança possa aprender a estabelecer parâmetros os mais diversos, sobretudo os que podem balizar as suas preferências e os seus gostos pessoais.







Detalhe: as propagandas eleitorais são excelentes para que estimulemos o nosso discernimento, nos tornando capazes de distinguir quais são as forças do bem e quais as do mal.




Sem falar na possibilidade que as propagandas eleitorais nos permitem para que – já não era sem tempo – façamos uma assepsia moral e ética em nossos valores. Afinal, nós é que temos uma mente poluída e não somos nada justos, pois temos o péssimo hábito de fazemos pré-julgamentos das sempre boas intenções dos candidatos, que, aliás, só querem o nosso bem.



Falando em sujeira...


“A carreira de prostituta é igual à de jogador de futebol:
chega uma hora que você tem de parar...”.

Gabriela Leite
Socióloga, fundadora da ONG Davida



Sem comentários...

 

Por isso que Juju, ou seja, a mulher acima, mesmo não querendo, ela chega, às vezes, a perder até o próprio sentido de ser, com limitações que nem a consciência, que deveria ser guia, é capaz de minorar, aliviando-as. Isto é, quando, mesmo isenta de responsabilidades, há um sentimento de remorso, visto a manipulação da qual foi vítima, à revelia dos seus próprios desejos.



Até que...

 

“Só há uma blasfêmia: a injustiça...”.

Robert G. Ingersoll (1833 - 1899)
Advogado norte-americano



Horrorizada com os maus tratos que tem sofrido ao longo do processo eleitoral, Juju – pobre mulher –, deixou o seu santuário, na Praça dos Três Poderes, diante do Supremo Tribunal Federal, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, dizendo que ia comprar cigarro e foi se recolher na Ermida Dom Bosco, no Lago Sul, se limitando a contemplar – de longe – ora aridez, ora tempestades de areia, ora os abalos sísmicos da terra, ora os tremores dos presidenciáveis. E a chorar, desesperadamente, embalada tão somente pelos cantos gregorianos dos monges do bucólico mosteiro. Isso que é decepção! E o povo, como fica?




“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade...”.

Paulo Freire (1921 - 1997)
Educador brasileiro


E voilà! Infelizmente, esse é o Brasil no qual (sobre) vivemos... Mas, se você, assim como eu, “treme de indignação perante uma injustiça no mundo – como disse Che Guevara (1928 - 1967), médico e revolucionário nascido na Argentina, mas naturalizado cubano –, então somos companheiros...”.

 
Nathalie Bernardo da Câmara

Um comentário:

  1. Quanta criatividade!!!! Show a postagem.
    Enquanto isso.... ficamos esperando o dia 30 de outubro chegar assistindo a um debate entre o "ambientalista" José Serra e a "feminista" Dilma Russef.... phode?????

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