sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PRIMEIRO TURNO: UM EQUÍVOCO...



“A lei da precipitação é a lei do atropelo...”.

Rui Barbosa (1849 - 1923)
Político e escritor brasileiro


Uma coisa que tem me irritado ao longo da campanha eleitoral de 2010 no Brasil, ora em sua reta final, é quando alguém, precipitada e equivocadamente, de maneira mal colocada, diz: — “No primeiro turno...”. Afinal, o correto seria dizer simplesmente eleições, já que ninguém, em hipótese alguma, nem mesmo supostamente balizado por pesquisas de intenção de votos – não confiáveis –, pode garantir a realização de um segundo turno das eleições, que, aliás, só é confirmado após a apuração dos votos, considerando que eleição só se decide nas urnas. No entanto, o entendimento que a maioria tem de um processo de votação, que parece partir do pressuposto de que nenhum candidato será eleito de cara, ou seja, já no dia previsto para as eleições, sem a necessidade, portanto, de um segundo turno, é generalizado. Infelizmente, os maiores responsáveis pela propagação desse entendimento errôneo são os jornalistas, que, a priori, deveriam ser a parcela mais bem informada de uma sociedade.

Os candidatos, por sua vez, que também insistem nesse discurso equivocado, não fazem que expor aos eleitores certa insegurança, apenas demonstrando falta de confiança em suas próprias candidaturas. Reconheço, contudo, que, devido à quantidade de candidatos pleiteando, por exemplo, um mesmo cargo – alguns com chances reais de vitória, mas com adversários igualmente representativos –, é natural que haja especulações em relação aos resultados das eleições, com a maioria da população votante apostando na possibilidade de um segundo turno. Ocorre que, mesmo assim – repito –, está errado referir-se as eleições como se, obrigatoriamente, elas, por si só, fossem sinônimo de primeiro turno. Quanto a um eventual segundo turno, aí sim, mas somente após a apuração dos votos, que irá confirmar se o mesmo é ou não necessário. Aprendamos, portanto, a falar corretamente. Afinal, somos seres sociais e a linguagem, não importa a sua natureza, é o nosso instrumento de comunicação com o mundo.


Nathalie Bernardo da Câmara


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