sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

UM ACENO VERDE!


“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem,
menos a sua ganância...”.

Gandhi (1869 - 1948)
Advogado e pacifista indiano



O Ano Internacional da Biodiversidade despede-se, mas com poucos presentes na mala. E a porção senadora de Marina Silva (PV-AC), eleita para dois mandatos consecutivos, em 1994 e em 2002, também, embora, no caso, ela tenha sido a grande surpresa no cenário político brasileiro em 2010, não somente por suas posturas comprometidas com o meio ambiente, mas, também, por conquistar cerca de 20% dos votos válidos nas eleições presidenciais deste ano, sendo o fato, portanto, um acontecimento memorável. Porém, temos de esperar quatro anos para, enfim, vê-la comandar o Brasil. Até lá, estaremos fadados ao continuísmo do PT no governo.

Em seu último discurso no Senado, contudo, no dia 16 do corrente, Marina versou sobre os seus sonhos, adiantando que não pretende se limitar à condição de candidata à presidência do Brasil em 2014, mas, sobretudo, “fazer parte de um processo como parte do processo”, acrescentando: “Quero lutar por um Brasil que seja economicamente próspero e socialmente justo, ambientalmente sustentável e culturalmente diverso. Quero voltar à sociedade como ativista, como professora, não só na questão partidária, mas como mantenedora de utopias”, sendo a maior de todas, deste século, ainda segundo ela, a utopia, viável, da questão da sustentabilidade ambiental.

Para Marina, o Brasil, livre das desigualdades sociais, promete ser o país da economia de baixo carbono, da educação que gera oportunidade para todos, apostando na inclusão produtiva e um exemplo de prosperidade e sustentabilidade ambiental. Em sua avaliação, “nós podemos usar os recursos do pré-sal para poder fazer a economia de baixo carbono. (...) Para isso é preciso criar o processo e as novas estruturas para esse mundo em crise, que pode ter na sua crise a grande oportunidade da transformação desse início de século”, disse, desejando, ainda, apesar das divergências, boa sorte à Dilma Rousseff. De fato, de muita boa sorte o novo governo vai precisar.

Afinal, as pendências deixadas por Lula não são poucas. De qualquer modo, que, nos próximos quatro anos, ele não se torne uma sombra a manipular o mandato da sua companheira, influenciando em suas decisões. Bom! Dias antes, contudo, do referido discurso, Marina alertou para o retrocesso da proposta de mudanças no artigo 23 da Constituição Brasileira, que transfere a competência do poder fiscalizatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA aos estados e municípios, comprometendo as metas já assumidas pelo governo federal para a redução do desmatamento e das emissões de gases do efeito estufa - GEE.

Isso sem falar na reforma – para lá de polêmica – prevista para o Código Florestal, que, de acordo com a ambientalista, deve ser rejeitada. Afinal, o referido documento foi criado para proteger as nossas florestas, não para ameaçar as políticas de manejo sustentável florestal. Enfim! Um artigo de sua autoria, intitulado Uma evolução silenciosa, foi publicado este mês, na edição especial Veja Sustentabilidade, respondendo a questão formulada pela revista: “O Brasil pode crescer em ritmo chinês sem agredir o meio ambiente?”. Independentemente das minhas simpatias pelas idéias de Marina, li o artigo e acho que ela foi pertinente em suas colocações.


A onda agora, então, é a de tentarmos salvar o planeta, não contribuir para deletá-lo de uma vez... Eis a íntegra, portanto, para quem quiser conferir, do mencionado artigo: Uma evolução silenciosa, Revista Veja, edição especial sustentabilidade, dez/2010  


Nathalie Bernardo da Câmara

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