domingo, 2 de dezembro de 2012

OS MATIZES DOS SONS*


“A música provoca um sentimento diferente em cada ser: alguns irão amar, outros odiar, irão se alegrar, chorar, dançar, pular, se identificar ou, simplesmente, não gostar...”.

Hélène Françoise
Atriz, cineasta, modelo, compositora, cantora e humanista brasileira


No dia de abertura da Semana Nacional da Música, 16, este blog homenageia, em nome de todos os demais músicos, o grande compositor, cantor e violinista brasileiro Angenor de Oliveira, o famoso Cartola, que nasceu no dia 11 de outubro de 1980 e faleceu no dia 30 de novembro de 1908 – em 2011 fazem trinta e um ano da sua morte. Considerado o maior sambista da História da música brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, mas passou a infância em Laranjeiras, onde tomou gosto pela música e aprendeu com o pai a toca cavaquinho e violão. Dificuldades financeiras, contudo, fizeram a sua família mudar-se para o morro da Mangueira. Com quinze anos, após a morte da sua mãe, largou os estudos – terminou apenas o primário – e foi trabalhar como servente de obras, passando a usar um chapéu-coco para se proteger do cimento, nascendo daí o apelido de Cartola.

Com amigos sambistas, o mestre e divino do morro, como Angenor de Oliveira também passou a ser chamado, criou o Bloco dos Arengueiros, embrião da futura Estação Primeira da Mangueira – criada em 1928 –, cujo nome e as cores verde-rosa foram escolhidos pelo próprio Cartola, que, aliás, compôs o primeiro samba para a escola de samba, Chega de Demanda. Os sambas de Cartola se popularizaram na década de 1930, quando passou a ser divulgado por nomes já ilustres da música popular brasileira, como, por exemplo, os brasileiros Araci de Almeida (1914 - 1988), Francisco Alves (1898 - 1952), Sílvio Caldas (1908 - 1998) e a luso-brasileira Carmem Miranda (1909 - 1955), entre outros. No entanto, no início da década de quarenta, Cartola desaparece – muitos atribuem a sua ausência do cenário musical a uma doença, que teria sido meningite –, e ao falecimento de Deolinda, a sua companheira.

Em 1956, afastado do samba por dez anos, ao tomar um café em um botequim de Ipanema, próximo ao edifício onde ele trabalhava como vigia e ainda lavava carros, foi reconhecido pelo escritor brasileiro Sérgio Porto (1923 - 1968), que mantinha o famoso pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. A partir desse encontro, Cartola, apoiado por Sérgio Porto, decidiu retomar a sua carreira de músico, participando, inclusive, de programas de rádio, ao mesmo tempo em que exercia a função de contínuo no jornal Diário Carioca e, depois, no Ministério da Indústria e Comércio, recebendo, ainda, um terreno doado pelo Governo do Estado da Guanabara. No início da década de sessenta, Cartola e a companheira Eusébia Silva do Nascimento, a querida dona Zica, abriram, com o apoio de amigos, o restaurante Zicartola, na rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro – um marco na História da música popular brasileira.

Em 1979, Cartola descobriu que estava com câncer, falecendo no ano seguinte, sendo, até hoje, para os seus admiradores, homenageado postumamente. No caso, por novos talentos musicais, que, magistralmente, regravaram e continuam regravando as suas inesquecíveis composições. À época, contudo, do seu problema de saúde, ao saber que o sambista estava doente, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade (1902 - 2002) escreveu uma crônica no Jornal do Brasil, na qual, inclusive, chegou a dizer:


"A delicadeza visceral de Angenor de Oliveira (e não Agenor, como dizem os descuidados) é patente quer na composição, quer na execução. Como bem me observou Jota Efegê [(1902 – 1987)], seu padrinho de casamento, trata-se de um distinto senhor emoldurado pelo Morro da Mangueira. A imagem do malandro não coincide com a sua. A dura experiência de viver como pedreiro, tipógrafo e lavador de carros, desconhecido e trazendo consigo o dom musical, a centelha, não o afetou, não fez dele um homem ácido e revoltado. A fama chegou até sua porta sem ser procurada. O discreto Cartola recebeu-a com cortesia. Os dois conviveram civilizadamente. Ele tem a elegância moral de Pixinguinha [(1897 - 1973)], outro a quem a natureza privilegiou com a sensibilidade criativa, e que também soube ser mestre de delicadeza".

Nathalie Bernardo da Câmara


* Originalmente postado no dia 16 de novembro de 2011. Hoje, contudo, 2 de dezembro de 2012, resolvi respostá-lo em homenagem ao Dia Nacional do Samba.


Para quem aprecia...


Acontece


Alvorada


As Rosas não falam


Cordas de aço


Disfarça e chora


Folhas secas


Minha


O Sol nascerá


O Mundo é um moinho


Quem me vê sorrindo


Tive sim




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