sexta-feira, 13 de abril de 2012

ALELUIA, SENHOR, ALELUIA!*

PARTE I

ARIANO MANSO?



“Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás...”.

Che Guevara (1928 - 1967)
Médico e revolucionário argentino radicado em Cuba


Paris, França. Há quarenta e quatro anos, no dia 13 de abril de 1968, às 9h10, eu nascia na Cidade Luz. À época, era um Sábado de Aleluia, que, aliás, embora eu não seja nada católica, não comemorando nenhum dia considerado santo, inspirou o título desta postagem. Porém, apesar do meu ateísmo indefectível, ressalto que a escolha do título nada teve de ironia, desrespeito ou deboche para com os que são religiosos. Foi apenas, digamos assim, um estalo de criatividade. Afinal, quando resolvi escrever esta postagem, tratei de pesquisar fatos, situações e episódios ocorridos no dia, no mês e no ano do meu nascimento, a fim de basear os meus escritos, ilustrando-os, quiçá até poeticamente. O meu nome, por exemplo, significa nascimento. E foi até uma escolha democrática. Sim, porque Nathalie – nome francês – não somente contempla a França, mas, também, Natal, capital do Rio Grande do Norte, no Brasil, onde os meus pais moravam antes de irem estudar em Paris. Desse modo, desde a minha concepção, em Natal, até o meu nascimento, em Paris, onde o mundo com os seus mistérios e enigmas descortinou-se diante dos meus olhos, tenho, indiscutivelmente, um pé no Brasil e outro na França – vai ver que é por isso que adoro avião, já que sendo, ainda, uma coisinha de feto, insignificante, sem nenhuma perspectiva, eu viajei em um.

É verdade. Sinto-me até em casa quando estou dentro de um avião, sendo, provavelmente, a maior fã que o inventor e aviador brasileiro Alberto Santos-Dumont (1873 - 1932) já teve. O Atlântico, por sua vez, além das vezes que já o atravessei voando, queria cruzar de navio. Bom! Voltando ao meu nascimento... Como acredito que a energia do universo – incluindo, portanto, planetas e demais astros – nos influencia, fiquei intrigada ao descobrir que, no dia em que vim ao mundo, a lua estava cheia e houve um eclipse total do astro. Um fenômeno, inclusive, considerado raro, já que, segundo eu soube, só ocorre quando lua, terra e sol estão alinhados. Daí que de há muito eu gostaria de saber se a ocorrência de tal fenômeno teria provocado algum efeito em meu universo interior – se é que um dia o saberei –, a exemplo das vibrações emitidas por tal ou qual constelação, no momento do nosso nascimento, consequentemente nos influenciando. Afinal, é tudo uma questão de sintonia. De qualquer modo, passando da astronomia à astrologia... Nativa de Áries, o primeiro signo do zodíaco, que contempla os nascidos entre o dia 21 de março e 20 de abril, sou regida por Marte. Áries, contudo – pertenço ao 3° decanato –, é simbolizado pelo carneiro e, com Leão e Sagitário, forma a triplicidade dos signos de elemento fogo.

Um dos signos cardinais – os demais são Câncer, Libra e Capricórnio –, Áries, figurativamente, representa o princípio de todas as coisas e o início das estações do ano – isso no hemisfério norte. Porém, dos doze signos do zodíaco, ele é o único de natureza impulsiva, agindo primeiro para depois refletir, e é a iniciativa em pessoa, a coragem, a obstinação, sendo, ainda, o mais determinado e o mais destemido. Ao mesmo tempo, o ariano não admite injustiças e costuma defender os oprimidos. Quanto à roda zodiacal... Por possuírem o mesmo eixo vibratório, Áries e Libra, que é regido por Vênus e tem como elemento o ar, são signos opostos que, atraídos irresistivelmente um pelo outro, se complementam.


Áries = força ativa (yang)
Libra = força passiva (yin)


Assim, por sua altivez, coragem e ousadia, Áries é o único signo do zodíaco capaz de transmitir autoconfiança e segurança a Libra, que deve aprender a ser mais decidido e autônomo para tomar iniciativas que superem as suas limitações, enquanto Libra, cujo símbolo é a balança, embalada pela temperança, é o único signo que garante a Áries o equilíbrio necessário para controlar a sua impulsividade, arrogância e falta de tato, ambos tornando-se sinônimos de harmonia – fundamento do eixo que os une. Quanto a Áries... Uma das menores constelações, Áries conta com apenas uma única estrela brilhante, Hamal, que, em árabe, significa Cabeça de carneiro. Em um roteiro de ficção que escrevi tempos atrás, intitulado Olhos em chamas, mas que permanece inédito, embora registrado, a personagem de uma astrônoma, em certo momento da narrativa, tece alguns comentários a respeito da constelação e do signo de Áries. Vamos, portanto, a uma palhinha, ou seja, a transcrição de uma das suas falas...





― “Outrora, antes do nascimento do Cristo, o sol evoluía no início da primavera em Áries, de sorte que o ponto vernal, ou seja, o ponto primaveril chamava-se ponto de Áries. Assim, no início da Primavera, a constelação de Áries se levanta e se põe com o sol, sendo, portanto, diurna e invisível. No outono, torna-se noturna, ou seja, visível à noite. Curiosamente, quando o sol e a lua encontram-se – ele em Áries, ela em Balança, constelações opostas, e ambos estão na mesma linha do horizonte, um se levantando, o outro se pondo – eles fazem cintura do horizonte, em equilíbrio com o zênite. Infelizmente, além de quase imperceptível, o fenômeno não dura muito tempo, já que o sol e a lua mudam imediatamente de hemisfério. Um elemento de força capaz de transformar uma situação, um obstáculo material ou, por extensão, um obstáculo moral, Áries preside a aurora da primavera, sendo por isso que, no equinócio da primavera, ponto da órbita da terra onde se registra igual duração do dia e da noite e quando as almas turvas renascem, todos devem aproveitar e tentar recomeçar um novo ciclo, considerando a boa estação: primus tempus”.



Ah! Antes que eu esqueça: nunca traia a confiança de um ariano...




Neste dia, portanto, aproveito para homenagear o mais especial dos arianos – pelo menos para mim –, que foi o italiano Leonardo da Vinci.




Nascido no dia 15 de abril de 1452, Leonardo viveu praticamente toda a sua vida na Itália, embora, em 1516, aceitando o convite do rei da França Francisco I (1494 -1547), ele se transferiu para uma das propriedades do monarca, o castelo de Cloux, atualmente Clos-Lucé, perto de Amboise. No castelo, faleceu no dia 2 de maio de 1519. A sua tela mais polêmica, La Joconde, também conhecida como Monna Lisa, pintada, ao que tudo indica, entre 1503 e 1505, foi adquirida por Francisco I e é tida como a mais célebre do planeta. Pintada a óleo e com 53 centímetros de altura por 43 de largura, La Joconde encontra-se, hoje, no Museu do Louvre, onde tive o prazer de conhecê-la e, apesar de ser proibido, aproveitei o ensejo e a fotografei. O surpreendente, contudo, dessa história toda, foi tomar conhecimento de que Leonardo não tinha sido apenas pintor. Em visita ao castelo de Cloux, transformando em museu, tive o privilégio de conhecer algumas das maquetes de invenções concebidas por Leonardo. Engenheiro, arquiteto e cenógrafo, ele foi responsável, entre outros, por inventos militares, marítimos, hidráulicos, mecânicos e aeronáuticos – fato que, até hoje, muita gente desconhece –, sendo, por seus feitos, considerado o maior de todos os gênios da História da civilização humana.

*Esta postagem foi originalmente publicada no dia 13 de abril d 2010, sendo, contudo, como já fica evidente no seu cabeçalho, a primeira das duas partes que eu dediquei não somente aos nativos de Áries, mas, também, a 1968, ano do meu nascimento, considerado, aliás, de acordo com o calendário gregoriano, um ano bissexto – assim como está sendo o de 2012. Além disso, mediante decreto, a Organização das Nações Unidas - ONU considerou 1968 o Ano Internacional dos Direitos Humanos, se dando, tal decisão, no dia 12 de maio do ano em questão, dez dias após ser desencadeado, na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, o movimento que ficou conhecido na História como Maio de 68. A íntegra, portanto, de ambas as postagens – a segunda intitula-se Aleluia, senhor, aleluia! - Parte II - Um salto no escuro... – podem ser encontradas nos links logo mais abaixo. Não obstante, embora já tenha justificado o motivo da escolha do título principal das respectivas postagens, gostaria de registrar que passei praticamente a minha vida toda iludida, visto que achava porque achava que havia nascido numa sexta-feira da paixão, que, em 1968, caiu exatamente no dia 13 de abril, tendo, para minha grustração, descoberto o “embuste” apenas em 2010, quando da elaboração das já mencionadas postagens, mas apenas porque, ao pesquisar mais de um calendário do hemisfério norte – óbvio que para me certificar do fato –, mais precisamente o do ano de 1968, a verdade veio à tona, não comprometendo, entretanto, a minha criatividade, embora tenha desfeito uma fantasia que, para mim, era muito mais interessante, considerando a sua porção literária – pelo menos para mim –, já que eu sempre costumava dizer que era... uma bruxa, faltando apenas uma vassoura e um gato preto para dar mais glamour a minha condição de feiticeira. Enfim! Apesar de disponibilizar os links já mencionados, gostaria de dizer que a versão postada hoje foi de certa forma revisada – não resisti –, bem como suprimida parte do seu conteúdo. Além disso, aproveitando o ensejo, resolvi transcrever apenas uma única passagem referente à segunda parte do conjunto das postagens, que seria:

— Posso dizer que, no dia 2 de maio de 1968, quando, na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, apelidada de Feudo esquerdista, eclodiu aquele que viria a se tornar um dos mais emblemáticos acontecimentos históricos não somente do ano de 1968, mas, sobretudo, do séc. XX, eu estava não muito distante. Afinal, me encontrava na capital francesa. Infelizmente, não tinha idade o suficiente para participar do movimento, que, aliás, no dia seguinte, invadiu a Universidade da Sorbonne, no Quartier Latin, pertinho do Boulevard du Montparnasse, onde minha família morava. O bom mesmo, contudo, deve ter sido quando surgiram as famosas barricadas... E eu lá, no berço, sob o olhar atento da minha mãe, protegida. No entanto, no lugar dela, eu teria saído as ruas, não hesitando em levar minha filha recém-nascida nos braços, nem que fosse para, em meio ao tumulto, quiçá esbarrar no filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905 - 1980). Porém, apesar de estar no cerne dos acontecimentos, não cheguei sequer a testemunhá-los de verdade. Afinal, eu tinha, apenas, dezenove dias de nascida – o que não impediu, contudo, de ser contaminada pelo espírito contestador reinante. Assim, apesar de conhecer a História e dispor de livros, documentos e demais registros sobre os já mencionados acontecimentos para escrever um texto a respeito, achei que seria mais interessante transcrever um artigo de alguém que tenha vivenciado esse dado momento histórico.

E foi o que eu fiz! No entanto, para quem se interessar em ler na sua totalidade o teor de ambas as postagens, vamos, portanto, aos links prometidos:

Aleluia, senhor, aleluia! - Parte I - Ariano manso?

Aleluia, senhor, aleluia! - Parte II - Um salto no escuro...


Nathalie Bernardo da Câmara




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