terça-feira, 9 de outubro de 2012

COISAS DO BRASIL...


Ontem, no Facebook, postei um texto emocionado, indignada que fiquei com o resultado das eleições num dado município do litoral do Rio Grande do Norte – município esse privilegiado por sua localização geográfica, bem como por ser uma região rica na sua biodiversidade, mas que, infelizmente, de há muito não vem sendo bem conduzido, administrativamente falando, e, para as nossas preocupações e frustrações, tal realidade não mudará nos próximos quatro anos. Então! Quando os votos são apurados, ao final das eleições, os ânimos afloram-se. Todos. E de todos. É Muito difícil, mas não impossível, haver exceção. Ocorre que, de fato, muitas são as injustiças. E de natureza as mais diversas. Porém, sabemos que qualquer que seja um político de notória influência sobre o eleitorado, subindo num palanque para pedir ao eleitor que ele vote num dado candidato, realmente existe. Sabemos também de candidatos que, quando dispõem de recursos privilegiados, recorrem a subterfúgios escusos para “conquistar” o voto do eleitor – coisa que se agrava ainda mais quando esses candidatos tentam a reeleição, ou seja, eles fazem, sim, uso de recursos outros, sacados diretamente do erário público para aumentar consideravelmente os seus fundos de campanha. Sabemos, ainda, que o eleitor é quem dá a palavra final. Ocorre que, comumente, no caso específico do Brasil, onde o nível de consciência política do eleitorado é mínimo, a palavra final pode até ser do eleitor, mas, infelizmente, não motivada, em sua maioria, por uma escolha consciente, mas pela manipulação do político incauto, que, deploravelmente, é capaz de vender até a própria mãe, quando tem uma, para alcançar os seus propósitos, que são ser eleito a qualquer preço e, obviamente, usufruir das benesses que, desvirtuado, o poder termina por conferir. Isso sem falar, embora muitos neguem – é natural omitir a verdade –, das fraudes eleitorais. E, sem as provas necessárias, não é possível, de acordo com a legislação eleitoral, acusar eventuais suspeitos. Agora, quando se as têm, legal, muda-se o cenário. E é isso, portanto, que todo cidadão de bem espera que aconteça em todos os lugares onde há suspeita de fraude, ou seja, de provas, muitas vezes, contudo, tão bem acobertadas que, mesmo sabendo que o processo de votação não foi idôneo, sem elas fica difícil querermos que a justiça seja feita. E continuamos, contrariados, indignados com a prática imoral e amoral do que, erroneamente, chama-se de política no Brasil, inegavelmente, o país da impunidade. Só que eu perguntaria: até quando? Aproveito, então, o ensejo para transcrever um texto publicado originalmente neste no blog no dia 27 de fevereiro de 2009 e, depois, novamente divulgado no dia 11 de agosto do mesmo ano, mas com algumas atualizações. Espero, assim, que entendam o motivo da minha indignação.




Um pouco de História


“Com os papagaios aprende-se que muitos são os que falam, mas poucos os que sabem o que dizem...”.

José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta
Historiadores brasileiros, in Terra Papagalli


Os índios Potiguaras chamavam o lugar de Aratipicaba, que, em Tupy, significa Bebedouro dos Papagaios, ou, ainda, Tanque dos Papagaios. Segundo a tradição oral, tal batismo deu-se porque os papagaios costumavam beber a água doce dos olheiros das praias da região, sobretudo na praia de Bacopari. O curioso é que, nos dicionários de Tupy consultados, encontramos dois significados para o nome Bacopari: depósito de água – seria em função dos olheiros? – e fruto cercado de pontas e asperezas, já que, de fato, existe uma árvore e uma fruta com esse nome na Mata Atlântica. No caso de Baía Formosa, valem os dois significados. Sim, da mesma forma que os olheiros de água doce existiam em abundância na tal praia, o formato da outrora floresta era o de uma estrela de cinco pontas. Assim, as extremidades da praia seriam duas das cinco pontas da estrela. Daí a floresta encontrada pelos seus primeiros habitantes brancos ter recebido o nome de Mata Estrela. Hoje, infelizmente, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com apenas 2.039,93 hectares (1.888,78 de floresta; 81,64 de dunas e 69,73 de lagoas, em número de dezenove), cerca de insignificantes 3% do que ela já foi um dia. Mesmo assim, a Mata Estrela é, ainda, a maior reserva de Mata Atlântica sobre dunas do Rio Grande do Norte. E isso só foi possível porque, em 1990, através de uma Portaria Estadual, a floresta foi tombada e, em 2000, transformada, por Decreto Federal, em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), já que não deixa de ser uma propriedade privada, pertencente à Destilaria Baía Formosa S/A, responsável pela atividade econômica mais rentável do Município, que é a monocultura da cana-de-açúcar, seguida da pesca e da produção agrícola. No séc. XVI, contudo, o lugar já recebia a visita de naus portuguesas e francesas, sendo apenas em 1612 que os colonizadores lusitanos denominaram mais um dos seus "achados" de Bahia Formosa, que, pouco mais de dois séculos depois, quando deram por encerrada a extração da mais cobiçada árvore da época, o Pau-Brasil, transformou-se em zona de pesca. Em 1892, tornou-se Distrito de Canguaretama; em 1953, Vila. Porém, a data mais comemorada pelos formosenses é 31 de dezembro, já que, nesse mesmo dia, no ano de 1958, Baía Formosa foi elevada à condição de município. E o seu mar, como não poderia deixar de ser, encanta não somente moradores do Município – cerca de 8.700 habitantes, segundo os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizados em 2011, mas, também, todos aqueles que visitam o lugar, sendo um paraíso para os surfistas. O fato é que somente conhecemos as belezas de Baía Formosa se a visitarmos – a dona, pelo menos para mim, das mais charmosas praias do Rio Grande do Norte e do Brasil.

NBC

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