sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

EM CANOA QUEBRADA COM AS MUSAS


Por Evaldo Alves de Oliveira

Médico Pediatra e Homeopata
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Crônica publicada no dia 04 de janeiro de 2013 no Blog do Evaldo (http://evaldoab.wordpress.com/).


Praia de Canoa Quebrada, areia branquinha, água morna, sol esbanjando força e vigor. O carioca Andrade foi logo tratando de fazer amizades a partir da barraquinha que acabara de adotar. Na beira da praia, à frente de Andrade, três crianças, aparentando ter entre oito e nove anos, esbanjavam simpatia e disposição. Uma senhora, supostamente mãe das crianças, exímia artesã, confeccionava pequenas garrafinhas de areia colorida que a todos encantavam, pelo esmero do acabamento.

Com seu jeito carioca de ser, Andrade tentou tirar a dúvida de sua esposa, que achava serem as garotas irmãs. E arriscou uma pergunta para a que estava mais próximo:

— Vocês três são irmãs?

— Somos, e gêmeas – respondeu com extrema simpatia.

Andrade ficou surpreso, pois uma delas era menor que as outras duas. E insistiu:

— Qual o nome de vocês?

A garota, com raias louras no cabelo, naturais, tipo reflexo, respondeu com um belo sorriso:

— Eu sou Katrine, aquela que está na água é Katerine e a que está acocada é a Nikole Kidman.

Na conversa que se seguiu, Andrade ficou sabendo que eram onze irmãos vivos, e que somente à noitinha retornariam para casa, que ficava distante dali. Curioso, Andrade insistiu:

— Vocês chegam em casa à noite e ainda vão cuidar da janta?

— Não. Quem cuida da comida, lá em casa, é minha irmã de catorze anos, a Katy Marrone.

Andrade, após comprar algumas garrafinhas de areia colorida, esticou a conversa com a mãe das garotas, e aproveitou para elogiar os nomes de suas filhas. A mulher, loquaz e bem humorada, revelou a Andrade que perto de sua casa mora um senhor que, ao se dirigir ao cartório para registrar seu filho, teve que enfrentar certas dificuldades.

— Qual o nome da criança? – perguntou o escrivão.

Eu não sei falar direito, mas é o nome desse campeão de fórmula um… Michael Shumacher – disse o pai, atropelando as sílabas.

— E como é que se escreve? – perguntou o escrivão. O senhor trouxe por escrito?

— Não.

Então não vai dar para registrar hoje, porque eu não vou escrever o nome do menino de forma errada.

De acordo – disse o pai do recém-nascido. Vou falar com um rapaz que mora perto lá de casa, e que é letrado. Ele vai escrever o nome da criança em um papel e amanhã eu volto aqui.

E assim ficou acertado.

No dia seguinte, o pai chegou para o escrivão e, a uma certa distância, quase gritou:

— Eu falei com o rapaz e ele disse que domingo que vem tem corrida de fórmula um, e ele vai copiar o nome do piloto diretamente da televisão. Na segunda-feira eu volto e a gente faz o registro.

Michel Shumacher tem hoje uns oito anos de idade.

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