sábado, 4 de janeiro de 2014

A DERROCADA DO FACEBOOK?

 “Conheci Jack London no começo de 1997, quando fazia uma reportagem sobre a Amazon. A surpresa foi constatar que já havia no Brasil um doido que seguia o caminho de Jeff Bezos, o criador da Amazon, num tempo em que pouquíssimos brasileiros davam bola para a internet. Algum tempo depois, Jack venderia a BookNet, a mais fiel cópia brasileira da Amazon, e se tornaria uma das primeiras pessoas a ganhar dinheiro de verdade com a internet no Brasil. Mas o dinheiro não parece ser a preocupação deste sessentão com filhos já criados. Jack se tornou com o tempo uma espécie de farol de milha da rede no Brasil, capaz de enxergar além da gangorra acionária e da histeria das redes sociais. Pessoalmente, ele será sempre o filho da vizinha de meus avós no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, coincidência que descobrimos anos depois, à custa de muita conversa. Ele representa uma espécie de lembrete de que só se cria o futuro mais espetacular com aquilo que se escolhe guardar do passado...”. 

Hélio Gurovitz
Jornalista brasileiro, diretor de redação da revista Época São Paulo.

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“Em um universo cheio de surpresas, Jack é um especialista em surpreender. Dele, a única coisa que se pode esperar é o inesperado...”.

Max Gehringer
Administrador de empresas, escritor, comentarista e colunista brasileiro.
 
 
Pegando a deixa da entrevista da jornalista brasileira Liz Luz com o neurocientista norte-americano Gary Small, originalmente publicada na revista Veja no dia 12 de agosto de 2009, que, por seu conteúdo, pertinente e atual, reproduzi neste blog no dia 03 de janeiro de 2014, resolvi postar algumas considerações acerca do livro Adeus, facebookO Mundo pós-digitalTextos essenciais para compreender o futuro das mudanças e as mudanças do futuro, do economista, consultor, empresário, escritor e professor Jack London, que, lançado em 2013, permanece em pauta, com 176 páginas, aliás, recheadas de intrigas. Considerado um dos pilares da internet no Brasil, um dos seus dez nomes mais importantes no país, Jack London foi o fundador e primeiro presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, registra no seu currículo mais de mil palestras e aulas em vários países sobre tendências da sociedade com os impactos da Tecnologia da Informação e, apesar do nome, é brasileiro, sempre sem pressa, em busca da perfeição... – o leitmotiv da sua vida, que, inclusive, segundo ele revelou numa interessante entrevista (imperdível!), é dedicada aos livros, à tecnologia e ao cinema. De uns tempos para cá, contudo, Jack London vem sendo chamado pelos amigos de o evangelizador da internet no Brasil – comentou, achando até graça na alcunha, durante a entrevista citada, cujo link, aliás, encontra-se ao final da postagem...
 
Já o Adeus, facebook O Mundo pós-digital...: Parar e pensar sobre como as novas tecnologias transformarão o mundo parece algo impossível de se fazer. Sempre preocupadas em atualizar o status online, cada vez mais as pessoas têm menos tempo livre. Além disso, a natureza volátil das redes sociais permite que tudo nessas plataformas possa mudar de um dia para o outro. Este novo cenário já alterou a forma de empreender tanto no Brasil quanto no mundo. Empresas como o Google e o próprio Facebook surgiram do nada e hoje são gigantes no mercado, enquanto outras que eram consideradas quase infalíveis tiveram que se readaptar para não morrer. A forma de empreender mudou. Ao mesmo tempo, as marcas nunca estiveram tão conectadas com seu público e a criatividade não tem limite. Barreiras linguísticas e geográficas estão ficando sem importância, e aquele que deseja empreender deve saber que seu público alvo pode estar do outro lado do mundo, da mesma forma que seu concorrente direto. (...)”.

E mais: O livro (...) “fala sobre o que está acontecendo no mundo digital, sobre o futuro das redes sociais e sua influência em nossas vidas, como o Brasil lida com essa nova realidade e como empresas e empreendedores podem usar isso em seu favor. O livro ainda nos remete a algumas perguntas essenciais e nos faz questionar: O que nos espera quando todo esse sistema entrar em crise? É possível imaginar o futuro?”.

Enfim! Um livro onde não somente o título é instigante, mas, também, o seu conteúdo, indo além das suas próprias fronteiras.


Falando nisso...
“Nenhuma tecnologia é permanente...”.

Jack London


Quando da Agile Brazil 2012, reconhecida como a mais relevante conferência brasileira sobre Métodos Ágeis de desenvolvimento de software, realizada em São Paulo, um dos convidados especiais foi exatamente Jack London. Casualmente, lendo o texto escrito por ele para a sua apresentação no evento, pensei em transcrevê-lo – quiçá, para contribuir com a reflexão em questão, bastante pertinente, por sinal:


Colapso e Estabilidade: uma historia em família

Por Jack London

Todas as gerações que povoaram e povoam hoje a terra acalentam uma eterna ilusão: a ideia da estabilidade, a ideia de que o que existe é perene e que uma vida ou uma época, são realidades constantes.

No entanto, um país, uma cidade, qualquer aglomerado humano tem em sua base um processo de conhecimento, uma maneira de educar, aprender, transmitir conceitos, valores e emoções, que muda muitas vezes ao longo de uma vida. Todas as maneiras de ser, sem exceção, são resultado de um processo que se sobrepõe a consciência ou aos atos da razão. Ou seja, antes do Cotidiano há os Processos de Conhecimento, há formas de aprender o mundo, ou mais claramente, tecnologias de aprendizado, expressão e formação do ser.

Os atuais trabalhadores regulares na sociedade da informação do início do século XXI, aqueles que já nasceram no universo digital, agem com relação a suas vidas exatamente da mesma maneira que seus pais e avós agiam: com a certeza de que o que hoje sabem e fazem será sempre o padrão de suas vidas. Que tal se perguntar o que fazíamos há cinco anos atrás, sem o Facebook e o Twitter? Como conseguíamos viver sem as redes sociais? O que fazíamos para acessar conceitos e conhecimentos antes do Google?

Há quinze anos atrás nenhum destes sites e ferramentas existiam e seguindo a lógica do colapso abrupto de hábitos e sistemas tecnológicos, provavelmente não existirão dentre de mais quinze.

Não chore, não se desespere, apenas reflita.

Estruturas empresariais e modelos de negócios devem ter sempre em mente a ideia de que o tempo tecnológico é curto, e tudo em que confiamos hoje será em breve lixo.

·   . Internet 2.0? Nada perto da Internet Semântica.
. Web? Nada perto de peer to peer, vídeos e outros formatos de transmissão de dados e voz.
. Impressoras a laser? Nada perto das impressoras em 3D.
. 100 megas de banda larga? Nada perto da Internet Quântica.
. PCs e Notebooks? Esqueça, pense celular e tablets.

A distância entre o hype e o nada é uma pequena marcação fora do espaço chamada tempo. O longo caminho da humanidade sobre a terra já consome quase cinco milhões de anos.

A história conhecida, com o registro de relatos, vai da Babilônia e do Egito Antigo aos dias de hoje, aos saltos e colapsos. É uma história de analfabetos, ágrafos e seres que viveram sem utilizar o que chamamos hoje de informação registrada. Se quisermos ser mais dramáticos, a história do homem é a história de milhões de anos de comunicação apenas verbal e 6.000 anos de conhecimento registrado.

Um dia, você dorme se achando Steve Jobs e no dia seguinte acorda Nabucodonosor.
A tecnologia é como todos os processos humanos, autofágica e inesperada.

Tempus fugit, como diziam os romanos, ou se você quiser, numa versão mais moderna, “já era”.


Dicas:
Para falar com Jack London e/ou sugerir temas para a sua coluna da edião eletrônica da revista Pequenas empresas & grandes negócios, enviar e-mail para: jlondon@ism.com.br – não se esquecer de colocar ColunaPEGN no campo assunto.
Entrevista com Jack London, mencionada no início desta postagem, no episódio #038 do programa Man in the Arena, videocast sobre empreendedorismo e cultura digital, quando do lançamento do livro, há cerca de seis meses – o bate papo dura cerca de 36min, valendo à pena cada segundo...: http://www.youtube.com/watch?v=O1LZ9TdNcyE

Na sequência, entretanto, pretendo, sinceramente, tecer algumas considerações sobre o tema que muito me impactou durante a entrevista, ou seja, o mundo pós-digital, explicado didaticamente por Jack London, considerado por muitos como um visionário. Porém, desde já antecipo que, em minha opinião, logo assim, de cara, tudo indica que, por praticamente consistir na transformação de humanos em androides (não vejo outro nome para definir a proposta absurda e descabida de certos cientistas que, de há muito, não tenho dúvidas, já perderam, por sua arrogância, o sentido das realidades), o mundo que se pretende pós-digital é deveras aterrorizante, preocupante e repulsivo, em nada me atraindo, visto que, afinal, uma coisa são as narrativas de livros e filmes de ficção científica – licença, digamos, poética, para uma criação artística dessa natureza; outra coisa, contudo, é a realidade – no caso, a da nossa espécie, que, não discordo, deve, sim, evoluir, mas não de forma invasiva, chegando ao cúmulo de negar a nossa própria condição humana...

 Nathalie Bernardo da Câmara

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