terça-feira, 30 de setembro de 2014

A ÚLTIMA HISTÓRIA QUE JOSÉ SARAMAGO (1922 - 2010) QUIS CONTAR

Capa da edição portuguesa do novo livro do escritor.


“Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas” nas livrarias portuguesas – dossier de imprensa

Fundação José Saramago – 23 de setembro, 2014 

Alabardas, alabardasEspingardas, espingardas, o romance inacabado de José Saramago, encontra-se a partir de hoje nas principais livrarias de Portugal.

Para além dos capítulos escritos pelo Nobel português de Literatura, a edição portuguesa inclui um texto do escritor italiano Roberto Saviano e outro do espanhol Fernando Gómez Aguilera. Na capa e no seu miolo são reproduzidas ilustrações do escritor alemão Günter Grass, Prémio Nobel de Literatura.

A edição italiana chegou às livrarias no dia 26 de agosto e no 1.º dia de outubro os leitores em espanhol, na Europa e na América, poderão ficar a conhecer o último livro de José Saramago.

No Brasil, o romance chega às livrarias no dia 30 de setembro.
(Na foto, os primeiros exemplares de Alabardas disponíveis na livraria da Fundação José Saramago – Casa dos Bicos)

Na imprensa:

(El Mundo – Espanha)


Romance inacabado de Saramago chega hoje às livrarias
(Diário de Notícias – Portugal)







A última causa de Saramago
(Visão – Portugal)



O impulso final de José Saramago
(Expresso - Portugal)

O livro de José Saramago que ficou por armar
(Diário de Notícias – Portugal) (segunda parte)


El disparo final de Saramago
(Canárias 7 – Espanha)




“Vai à merda”, diria ela no fim. Assim queria Saramago


PÚBLICO
Isabel Coutinho - 23/09/2014


Quatro anos depois da morte de José Saramago chegou esta terça-feira às livrarias portuguesas o romance que o Nobel deixou inacabado Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas.




Mesmo antes de o acabar, José Saramago sabia com que frase queria terminar aquele que seria o último romance em que trabalhou e deixou inacabado.

No dia 16 de Setembro de 2009, nas notas que ia escrevendo no seu computador, o Prémio Nobel da Literatura 1998 anotava: “Creio que poderemos vir a ter livro. O primeiro capítulo, refundido, não reescrito, saiu bem, apontando já algumas vias para a tal história ‘humana’. Os caracteres de Felícia e do marido aparecem bastante definidos. O livro terminará com um sonoro ‘Vai à merda’, proferido por ela. Um remate exemplar."

A obra começou por se chamar Belona (nome da deusa romana da guerra), passou a ser Belona S.A., depois Produtos Belona, S.A. e, por fim, chegou esta terça-feira às livrarias portuguesas com o título Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, que é retirado da tragicomédia Exortação da Guerra de Gil Vicente. A Porto Editora, que edita a obra, não revela a tiragem desta primeira edição. 

A primeira vez que no caderno de José Saramago, que morreu em 2010, aparece a referência a este livro de que deixou escritos e terminados os três capítulos iniciais é no dia 15 de Agosto de 2009. Aí o autor explicava que eram velhas perguntas suas -  “porquê nunca houve uma greve numa fábrica de armamento” ou o "que se passa para que a classe operária tão capaz de lutas não tenha conseguido entrar nos portões duma fábrica de armas?". Foi essa "preocupação" que “deu pé a uma ideia complementar" que, precisamente, permitiu "o tratamento ficcional do tema”.

Explicava também que “o gancho para arrancar com a história” era uma bomba que não chegou a explodir na Guerra Civil de Espanha, a que Saramago juntou a referência que André Malraux faz no seu L’Espoir a operários de Milão fuzilados por terem sabotado obuses. 

Na sessão de  lançamento do seu último romanceCaim, em 2009, José Saramago anunciou publicamente que estava a escrever um novo livro e explicou mais. Contou que esse morteiro que não rebentou na Guerra Civil de Espanha tinha um papel escrito em português onde se lia: "Esta bomba não rebentará". Saramago disse que poderia até ter sido um operário da Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa, a ousar fazê-lo.

A personagem principal de Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas é Artur Paz Semedo, que trabalha há quase vinte anos nos serviços de facturação de armamento ligeiro e munições de uma histórica fábrica de armamento em Lisboa. É um homem a quem a estreia de um filme de guerra provoca “um alvoroço quase infantil” e que, se não trabalhasse numa fábrica de armamento, “o mais certo é que ainda hoje estivesse a viver, sem outras aspirações, com a sua pacifista felícia”. (pág.16)

Pilar del Río, na edição de Setembro da revistaBlimunda da Fundação José Saramago, que pode ser descarregada gratuitamente em PDF no site da fundação e traz um dossier sobre este livro, defineAlabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardascomo um romance sobre as armas e a responsabilidade cívica.

 "As personagens que povoam o livro têm discursos e contradições elaboradas a partir do convencimento de que não ver é mais rentável do que ver – ou de que a indiferença é mais cómoda que a acção – e da necessidade do conhecimento e da intervenção para não ser cúmplice com o despropósito da violência. José Saramago escreveu um romance de personagens e situações que se confrontam com a realidade, tantas vezes mais obstinada que as pessoas, por isso não ver faz-se tão dramático.”, defende a presidente da Fundação e viúva do escritor.

O livro onde são publicadas as trinta páginas daquele que seria o próximo romance de José Saramago e onde já estão desenhados os dois protagonistas do livro - Artur Paz Semedo e a sua ex-mulher Felícia - traz na edição portuguesa (que segue a espanhola) ilustrações do Prémio Nobel da Literatura 1999 Günter Grass, notas do caderno de Saramago - onde o escritor ia dando conta do romance que queria escrever - e ainda dois textos, um do biógrafo espanhol de José Saramago, Fernando Gómez Aguilera, e outro do escritor e jornalista italiano Roberto Saviano. 

“Na capa da edição portuguesa só aparece parte do título - a palavra ‘Alabardas’ - por questões gráficas e também por questões que têm a ver com a edição espanhola”, explicou o director editorial da Porto Editora, Manuel Alberto Valente na sessão de apresentação das novidades da rentrée.

“Pensou-se que as duas edições, portuguesa e espanhola, deveriam ser idênticas e são diferentes das outras edições que estão agora a ser publicadas como a italiana ou a brasileira”, afirmou Manuel Alberto Valente, lembrando que José Saramago estava profundamente empenhado com as duas realidades ibéricas e por isso pareceu-lhes que faria sentido as duas edições serem iguais. À edição brasileira, da Companhia das Letras, por exemplo, foi acrescentado um texto de Luiz Eduardo Soares, antropólogo e especialista em segurança pública. 

O texto de Fernando Gómez Aguilera é ensaístico e explicativo (situa este livro na obra completa de Saramago) e o texto de Roberto Saviano é emocionante. Vai lembrando vários heróis - como Tim Lopes, o jornalista brasileiro que foi assassinado -, que à sua maneira foram também como a personagem deste livro: escolheram arriscar para se protegerem da "idiotice" de se viver uma vida plana.

Ao longo do texto é repetido: "Também eu conheci Artur Paz Semedo. Não trabalhava nos serviços de facturação de armamento ligeiro e munições Belona S. A., e não teve uma ex-mulher pacifista. Não vivia em Itália. Provavelmente nunca pegou numa pistola, imagine-se se alguma vez terá pensado em dar um tiro. Mas  também eu conheci Artur Paz Semedo e o seu nome era.... Tim Lopes. A sua arma era a paixão. Uma ardente paixão." (pág. 114).


Para o dia 2 de Outubro está marcada a sessão de lançamento do livro em Lisboa. Durante a manhã haverá uma conferência de imprensa na Fábrica de Braço de Prata (o antigo estabelecimento fabril militar do Estado Português, desactivado na década de 1990) e ao final da tarde, às 18h30, será a apresentação mundial de Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardasna Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, com a participação do professor António Sampaio da Nóvoa, do juiz Baltasar Garzón e do escritor Roberto Saviano. A sessão será moderada pela jornalista Anabela Mota Ribeiro e serão projectadas as ilustrações de Günter Grass que integram o livro.

Vídeo de quando José Saramago falou do seu último livro:




José Saramago volta a falar aos leitores

Será publicado o romance inacabado ‘Alabardas’, sobre a violência e o negócio de armas. Participam do livro Roberto Saviano e Günter Grass

El País
WINSTON MANRIQUE SABOGAL Madri 25 SEP 2014


 Ilustração de Günter Grass para 'Alabardas', de Saramago.


Com o mar de Lanzarote à esquerda e o jardim de sua casa à frente, debruçados em duas janelas, José Saramago começou a escrever o romance que deixou inacabado e que verá a luz no dia 1 de outubro:Alabardas (Editora Alfaguara). Foi escrito em uma das salas de sua casa, em uma poltrona cor de telha rodeada de tons verdes onde nunca havia escrito um livro antes. Onde – para um tema como o da indústria de armamentos e o tráfico de armas– continuou a exploração de dois rumos literários: mais depuração no escrito e mais senso de humor e ironia.

O Nobel português (Azinhaga, 1922-Tías, Lanzarote, 2010) aborda o negócio armamentista, sim, mas também fala ao leitor, o interpela, conta-lhe uma história e nela lhe pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral diante dessa situação. Ou, como diz o poeta e ensaísta Fernando Gómez Aguilera, “põe o dedo na consciência para incomodar, inquietar e depositar no âmbito pessoal o desafio da regeneração: a eventualidade, embora cética, de perceber a alternativa de um mundo mais humano”.

O romance aborda o negócio armamentista, sim, mas também fala ao leitor, o interpela, conta-lhe uma história e nela lhe pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral diante dessa situação

Tudo começou a tomar corpo em 15 de agosto de 2009, depois da publicação de Caim, com a primeira anotação de trabalho: “É possível, quem sabe, que talvez possa escrever outro livro. Uma antiga preocupação (por que nunca houve uma greve em uma fábrica de armas)”. Chegou a escrever três capítulos que deixou em seu computador, com cópias impressas em uma pasta vermelha sobre a escrivaninha. E em outro documento de word deixou esboçada parte da história protagonizada por artur paz semedo que “trabalha há quase vinte anos no serviço de faturamento de armamento leve e munições de uma histórica fábrica de armas”. Um homem separado da mulher, “não porque ele o tivesse querido, mas por decisão dela, que, por ser convicta militante pacifista, acabou não podendo suportar nem um dia mais se sentir ligada pelos laços da inevitável convivência doméstica”.

Pura coerência.

Pura pergunta que Saramago lança em uma palavra de nove letras: Coerência. E daí em diante mais. Uma história dessas que concatenam ao mundo governos, empresas e cidadãos, e que nasce de outra pergunta: a empresa onde trabalha artur paz semedo vendeu armas aos fascistas da Guerra Civil Espanhola?

Isso é Alabarda, cujo nome completo seria “Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas”, título extraído da tragicomédia Exortação da Guerra, do dramaturgo Gil Vicente. Um romance em que o escritor não só mudou de lugar na hora de escrever e aprofundou em outros registros, mas que, devido à doença, alterou sua rotina criativa e o fez cada vez que pôde. Em outros tempos, recorda Pilar del Río, sua viúva, “dedicava a manhã à correspondência, escrever artigos de imprensa ou conferências, enquanto à tarde escrevia romances. Mas nos últimos tempos o tempo o apertava e ele já não tinha horas. ‘O tempo aperta’, dizia”.

Saviano: "É como um manual de tradução de sons, percepções e indignações. Em Artur as revelações que vi são as de todos os homens e mulheres que se defenderam da idiotice ao se darem conta de haver compreendido os dois caminhos que existem: ficar aqui suportando a vida, conversando com ironia, tratando de acumular algum dinheiro e família e pouco mais, ou então outra coisa"

Saramago foi alcançado por esse tempo, e o que foi escrito nessa pressa se vê agora em 149 páginas. Uma edição especial que inclui as anotações do autor, um artigo de Roberto Saviano, um texto de Gómez Aguilera e tudo embelezado pelos desenhos de Günter Grass… lobos raivosos e assustados, sombras fantasmais, pernas e braços em marcha militar, semeadouros de armas, corvos, corvos…

Imagens que acompanham um livro, como escreve Saviano, “de páginas que são um criptograma do murmúrio contínuo das misteriosas revelações que recebemos. Como um manual de tradução de sons, percepções e indignações. Em artur, as revelações que vi são as de todos os homens e mulheres que se defenderam da idiotice ao se darem conta de haver compreendido os dois caminhos que existem: ficar aqui suportando a vida, conversando com ironia, tratando de acumular algum dinheiro e família e pouco mais, ou então outra coisa”.

Quatro anos depois de morto, Alabardas é publicado com uma mistura de sentimentos de Pilar del Río. Desde o principio ela tinha clareza que o editaria: “O leitor tem direito a conhecer aquilo que ocupava o autor que admirava e pelo qual havia se preocupado tanto. E mais em um homem como Saramago, que estava entre a vida e a morte, trabalhando”. Inclusive assim, quando podia, escrevia duas folhas diárias, fazia duas cópias na impressora – uma para a pasta vermelha e outra para a mulher– e no dia seguinte detalhava ou corrigia. O surpreendente, conta Del Río, eram a afabilidade, a leveza e o humor que queria transmitir esse homem muito doente que não sabia se poderia concluir o livro. Um romance que será apresentado no dia 2 de outubro em Lisboa com vários atos especiais: de manhã haverá uma visita com a imprensa à Fábrica de Braço de Prata, antiga Fábrica de armas e atualmente Centro Cultural; à tarde (17 horas), no Teatro Nacional D. Maria II, haverá uma entrevista coletiva à imprensa com Baltasar Garzón, Roberto Saviano e António Sampaio da Nóvoa.

É o diálogo contínuo de José Saramago com os leitores neste Alabardas, que escreveu em um lugar inédito para ele, com um computador, em sua poltrona cor de telha e frente à melhor obra da casa, segundo ele: duas janelas – uma com vista para o mar e para a ilha de Fuerteventura e a outra com as árvores do jardim que plantaram juntos.


 Ilustração de Günter Grass para 'Alabardas', de Saramago.




Enquanto isso, no Brasil...

Capa da edição brasileira do novo livro do escritor português.


Hoje, dia 30 de setembro, "Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas", o romance inacabado de José Saramago, chegou às livrarias brasileiras. A revista Blimunda deste mês reúne o depoimento dos editores envolvidos no processo de publicação dessa obra. Para ler a revista aceda: http://blimunda.josesaramago.org/2014/09/18/blimunda-28-setembro-de-2014/


LEVY FIDELIX: DE EXCREÇÕES EM EXCREÇÕES...

 “Quanto menor o coração, mais ódio carrega...”.

Victor Hugo (1802 - 1885), escritor francês.
  

Levy Fidelix ofende gays em debate e causa revolta nas redes sociais
Hastag #LevyVocêÉNojento figurou em primeiro lugar nos tópicos do Twitter Brasil

O Globo – 29/09/2014
Por Tiago Dantas e Danilo Motta


SÃO PAULO — O candidato Levy Fidelix (PRTB) provocou revolta nas redes sociais ao ser questionado por Luciana Genro (PSOL) sobre suas propostas para a população LGBT. Durante o terceiro bloco do debate da TV Record, na noite deste domingo, ele defendeu "tratamento psicológico" a gays e declarou que não quer os votos deles. Logo após o debate, a hashtag #LevyVocêÉNojento figurou em primeiro lugar nos tópicos mais comentados do Twitter Brasil, tendo rendido mais de 11 mil menções desde o momento em que começou a ser usada na rede.

— Olha, minha filha, tenho sessenta e dois anos. Pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais, digo mais: desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio dizer isso. Mas não podemos jamais, gente... eu, que sou pai de família, um avô, deixar que tenhamos esses que aí estão achacando a gente no dia dia querendo escorar essa minoria a maioria do povo brasileiro (sic). Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas eu, um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto.

Ele também associou a homossexualidade à pedofilia: — E vamos acabar com essa história. Eu vi agora o padre, o santo padre, o Papa, expurgar do Vaticano um pedófilo, e fez muito bem. Está certo. Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar. Então Luciana, eu lamento muito. Que façam um bom proveito se querem fazer de continuar como estão, mas eu, presidente da República, não vou estimular a união homoafetiva. Se está na lei, que fique como está.

Na réplica, Luciana Genro declarou que é a candidata que defende "todas as famílias": — Estou defendendo todas as famílias. Não importa se são dois homens e duas mulheres. O que importa é que as pessoas se amem.

Na tréplica, Fidelix voltou à carga: — Luciana, você já imaginou que o Brasil tem 200 milhões de habitantes? Se começarmos a estimular isso aí daqui a pouco vai reduzir pra 100. Vai pra Paulista e anda lá e vê. É feio o negócio, né? Então, gente, vamos ter coragem. Nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria, vamos enfrentá-los! Não ter medo de dizer que sou pai, mamãe, vovô! E o mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui não dá.

Devido aos comentários do candidato, alguns perfis nas redes estimularam seus seguidores a formalizar denúncias em órgãos públicos, como o Ministério Público Federal ou o Dique 100, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.


O atraso do atraso

“Época triste a nossa: é mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito...”.

Albert Einstein (1879 - 1955), físico alemão naturalizado suíço, depois norte-americano.


Após declarações homofóbicas, Levy Fidelix vai pedir proteção à PF
Comitê de campanha em SP amanheceu com portas fechadas e segurança privada na porta

O Globo – 29/09/2014
Por Renato Onofre e Julianna Granjeia


SÃO PAULO - Após fazer declarações homofóbicas durante o penúltimo debate presidencial, o candidato do PRTB à Presidência, Levy Fidelix, vai pedir proteção à Polícia Federal nesta reta final das eleições. No domingo à noite, Fidelix atacou a comunidade LGBT, gerando uma série de protestos nas redes sociais. Coletivos contra a homofobia já anunciaram que vão fazer atos contra o candidato. No comitê de campanha da legenda, na Alameda dos Tupiniquins, em Moema, Zona Sul de São Paulo, os portões permanecem fechados com segurança privada na porta: — Tudo que eu tinha para falar eu já falei ontem — se limitou a dizer no final da tarde Fidelix.

Segundo o advogado Marcelo Duarte, que representa o candidato, Levy Fidelix não irá se pronunciar sobre o assunto. Duarte anunciou que o pedido é para garantir a segurança de Fidelix: — Como candidato, ele tem este direito. Até hoje ele não o fez por não achar necessário, mas as circunstâncias mudaram. – explicou o advogado, afirmando que o candidato não vai se retratar sobre a questão. – Não há do que se retratar. Meu cliente disse que prefere eles de um lado e ele do outro. Isso não é crime.

Durante o debate da rede Record, a candidata Luciana Genro (PSOL) questionou o candidato sobre as políticas públicas dele para sobre união homoafetiva e políticas públicas relacionadas à comunidade LGBT. Levy polemizou ao relacionar homossexualidade à pedofilia na resposta: — Aparelho excretor não reproduz. Como é que pode um pai de família, um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo! Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar.

Durante todo o dia, grupos de direitos LGBT se manifestaram contra as posições defendidas por Levy.

Desde o início da manhã desta segunda-feira, Levy Fidelix está isolado no segundo andar da sede nacional do PRTB. O vai e vem de assessores e colaboradores é intenso. O medo de represálias fez com que todas as placas e propagandas instaladas próximos ao imóvel da Alameda dos Tupiniquins fossem retiradas.

Os carros do candidato que estavam estacionados na rua foram recolhidos à garagem da sede do PRTB. Pelo menos outros quatro carros estacionados na via tiveram sua propaganda removida. Uma placa de um metro e meio posicionada na frente da entrada principal do imóvel com a imagem de Fidelix com sua filha Lívia, candidata à Câmara dos Deputados foi guardada.

O candidato do PRTB, que defendeu posições homofóbicas durante o penúltimo debate presidencial realizado no domingo à noite, só está recebendo os aliados mais próximos. Oficialmente, a restrição é por conta da data. Segundo funcionários da legenda, hoje, Levy está fechando pessoalmente as contas da campanha.

DENÚNCIAS
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a candidata à presidência da República do PSOL, Luciana Genro, protocolaram nesta segunda-feira representações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a cassação do registro de candidatura do presidenciável Levy Fidelix (PRTB) e punição por homofobia.

Em sua denúncia, o PSOL diz que Levy “incitou a violência e a discriminação contra a população LGBT por meio de verdadeiro discurso de ódio e ofensa à coletividade LGBT”. Já a OAB diz que o discurso do presidenciável configura crime eleitorai e contra a paz pública. Outros presidenciáveis também se pronunciaram sobre a fala de Levy nesta segunda-feira.

A Defensoria Pública de São Paulo recebeu quatro denúncias entre domingo e segunda. O Núcleo Especializado de Combate a Discriminação, Racismo e Preconceito do órgão ainda está analisando o caso. No entanto, a assessoria informou que a opinião dos defensores é de que houve homofobia e crime de ódio. O núcleo estuda se usará a legislação eleitoral ou estadual, como a lei 10.948/2011 de São Paulo, que dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de orientação sexual, para acionar o candidato.

O braço eleitoral do Ministério Público Federal também está analisando o caso. Neste domingo, internautas divulgaram o site do MPF para que fossem feitos registros de denúncias ao órgão. A assessoria do MPF informou que recebeu "várias denúncias" vinda de todo o país pelo canal de atendimento ao cidadão e, por o sistema não ser unificado, ainda não há um levantamento do número total de reclamações.

O MPF também informou que não houve crime eleitoral nas afirmações de Levy. Entretanto, as denúncias estão sendo analisada "para verificar se as falas podem incorrer em crimes em outras esferas (criminal, cível, etc)".


Era uma vez Idade Média... 

“Há homens cujo ódio nos glorifica...”.

Denis Diderot (1713 - 1784), escritor francês.


Candidatos reagem, com atraso, às declarações homofóbicas de Levy Fidelix
Aécio e Marina alegam que não podiam se manifestar na hora devido às regras do debate

O Globo – 29/09/2014
Por Márcio Beck / Silvia Amorim / Leonardo Guandeline / Letícia Lins (enviada especial) / Arthur Fernandes


RIO, SÃO PAULO e CARUARU (PE) - Os candidatos à Presidência da República reagiram nesta segunda-feira ao discurso homofóbico feito pelo candidato do PRTB, Levy Fidelix, em debate realizado pela Rede Record, que não foi contestado imediatamente por nenhum dos adversários. Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL) e Marina Silva (PSB) condenaram a postura de Fidelix, que, ao responder a uma pergunta de Luciana Genro sobre união homoafetiva, defendeu “tratamento psicológico” para homossexuais, declarou não querer os votos de pessoas que não são heterossexuais e disse ainda que a "maioria" deveria "enfrentar a minoria". Os candidatos do PV e do PSOL pediram punição a Fidelix.

O primeiro a se manifestar foi Eduardo Jorge. Pouco após o fim do debate, ainda de madrugada, ele postou no Twitter sua crítica.

Hoje vocês viram o quanto é necessário uma legislação que criminalize a homo/lesbo/transfobia, equiparando-as aos crimes de racismo né?

— A posição do PV todos já conhecem, somos a favor de equiparar a homofobia a crime de racismo. Para nós, mesmo sem essa legislação explicitamente aprovada no congresso, julgamos que cabe o processo por incitação à violência e preconceito. O jurídico do PV também está estudando para amanhã (terça-feira) uma ação no TSE – afirmou Eduardo Jorge, no comunicado.

A candidata do PSOL, Luciana Genro, fez uma representação ao TSE, junto com o deputado Jean Wyllys, do mesmo partido, pedindo que Fidelix seja punido, nos termos da legislação eleitoral, por ter incitado o ódio e a violência contra a população LGBT em seu pronunciamento no debate.

“A nossa candidatura é a única que está pautando constantemente a defesa dos direitos LGBT. E a fala odiosa do candidato Levy Fidelix chamou a atenção do Brasil inteiro para o silêncio dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas a respeito da homofobia e da necessidade de se garantir, em lei, o casamento civil igualitário e de se combater, a partir da educação nas escolas, qualquer tipo de discriminação”, disse Luciana Genro, em comunicado.

DILMA: 'STF FOI DEFINITIVO'
Em coletiva para a imprensa em hotel em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender que a homofobia seja criminalizada no Brasil: — O meu governo e eu, pessoalmente, sou contra a homofobia e acho que o Brasil atingiu um patamar de civilidade que nós, a sociedade brasileira e o governo, não podemos conviver com processos de discriminação que levem à violência. – disse a presidente. – No que se refere às relações estáveis entre pessoas do mesmo sexo, o Supremo Tribunal Federal foi claro e definitivo. Leis, neste país, e decisões do Supremo existem para serem cumpridas. E nós temos de cumprir esta que declarou que a união estável entre pessoas do mesmo sexo garante às pessoas todos os direitos civis, tais como herança, adoção e todos os demais – acrescentou.

Dilma, que ainda nesta segunda-feira deve se reunir com lideranças defensoras dos direitos homossexuais, no entanto, não rejeitou um eventual pedido de apoio a Fidelix em um segundo turno: — Meu palanque ainda não foi concluído. Estou no primeiro turno e não vou fazer aquela precipitação, que é achar que tudo já foi resolvido. Eu respeito o voto. Então, só falo em segundo turno depois do voto depositado na urna e computado, contadinho. Aí a gente discute o que vocês quiserem.

AÉCIO: ‘SEM SENTIDO E EQUIVOCADA’
Antes de fazer uma caminhada no centro comercial de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Aécio Neves classificou a fala de Fidélix como “lamentável”: — Quero expressar nosso repúdio absoluto àquela declaração. Como já disse, qualquer tipo de discriminação é crime. Homofobia também. – disse.

Em atividade de campanha em seu estado natal, Minas Gerais, em Uberlândia, pela tarde desta segunda-feira, o tucano voltou a responder sobre a polêmica. O tucano disse não considerar que as ofensas aos gays proferidas por Fidelix tenham dado a tônica ou tenham interferido no conteúdo dos demais concorrentes no penúltimo debate presidencial neste primeiro turno: — Foi uma participação (de Levy Fidelix) sem sentido e equivocada, mas é exagero dizer que ofuscou o debate. Reitero o que já disse: homofobia é crime, como qualquer outro tipo de discriminação, e assim deve ser tratada.

O candidato Aécio Neves afirmou que não teceu críticas aos comentários do adversários, logo após as afirmações de Levy Fidelix, devido ao formato do debate. Questionado pela reportagem de O Globo, ele também indagou sobre como poderia ter se manifestado durante o debate: — Como? Me sugere. Me fala como? Não era a minha vez de falar, eu não podia falar. Estou manifestando aqui agora.

MARINA: 'DECLARAÇÃO INACEITÁVEL'
Durante evento em Caruaru, onde foi reforçar a campanha de Paulo Câmara (PSB), Marina Silva também alegou que não pode interferir no momento devido às regras do debate: — A declaração dele foi inaceitável do ponto de vista da completa intolerância com a diversidade social e cultural que caracteriza o nosso país.

Para ela, o candidato faltou com o respeito que se deve ter com as pessoas independentemente de condição social, de cor e orientação sexual. A candidata do PSB disse ainda que a Rede está avaliando as declaração com os advogados e está estudando entrar com representação na Justiça: — As declarações são de fato homofóbicas e inaceitáveis em qualquer circunstância. – disse, acrescentando que ninguém deve aceitar a incitação ao desrespeito e à violência contra integrantes da comunidade LGBT ou contra qualquer pessoa.


Link do Ministério Público para encaminhar denúncias. #LevyVocêÉNojento





segunda-feira, 29 de setembro de 2014

MAFALDA, 50 ANOS

 Perfil – por Quino





Por Audaci JuniorJornal da Paraíba (28/09/2014)


CINQUENTONA! Hoje MAFALDA completa cinco décadas. Saiu no domingo uma matéria no Jornal da Paraíba sobre a personagem mais conhecida do Quino com testemunho do Mauricio de Sousa e Henrique Magalhães sobre a eterna contestadora, além de uma análise do Expert em historietas Paulo Ramos...



 Por Vinícius Castelli – Diário do Grande ABC (29/09/2014)









Lindo encontro entre a Mônica, 51, e a Mafalda Oficial ! 
Em comemoração aos 50 anos da personagem do quadrinista Quino, o UOL convidou Mauricio de Sousa e outros artistas brasileiros para participar de uma homenagem. Para ver a galeria completa, basta acessar: http://bit.ly/1sKluCg #Mafalda50anos


AS ESCOLHAS DO CORAÇÃO NÃO SÃO ESCOLHAS DIFÍCEIS




Dia Mundial do Coração 2014 (29/09) - Criando ambientes saudáveis para o coração


Por Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também conhecido pelo seu nome original Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), orientado à cooperação técnica em informação científica em saúde. A sede da BIREME está localizada no Brasil, no campus central da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), desde a sua criação, em 1967, conforme acordo entre a OPAS e o Governo do Brasil.

Link: 



DESVARIO UCRANIANO


Povinho ignorante! Se não concordam com a ideologia abraçada e propagada pelo ex-líder comunista russo, militante revolucionário e teórico marxista, que, pelo menos, reconhecessem o valor artístico, cultural e histórico da escultura – que a tivesse, por exemplo, doado ou vendido para algum museu que, acima de certas baixezas, valoriza obras de artes, independentemente de qualquer conotação política. Leia a reportagem do G1, em São Paulo (28/09/2014), sobre o atentado a maior estátua de Lênin (1870 - 1924) na Europa, "pacificamente" derrubada, neste domingo, em Kharkiv, no leste da Ucrânia, acompanhada de vídeos registrando a lamentável derrocada. Resumindo: um ato de vandalismo...

Nathalie Bernardo da Câmara
Jornalista



Maior estátua de Lênin na Europa é derrubada no leste da Ucrânia
Informação foi divulgada pela agência de notícias Russa RT 

Manifestantes derrubaram neste domingo (28), em Kharkiv, no leste da Ucrânia, uma estátua de Vladimir Lênin, um dos maiores símbolos na extinta União Soviética, de acordo com informações da agência Russa RT.

Este era o maior monumento em referência ao líder revolucionário Russo na Europa, construído na segunda maior cidade da Ucrânia, próxima a fronteira com a Rússia.

De acordo com a RT, ativistas pró-Ucrânia foram os responsáveis por destruir a estátua do antigo líder comunista Lênin, em manifestação que contou com cerca de 3 mil participantes. Vídeos publicados na internet mostram o momento em que a estátua foi destruída.

Conflito já deixou 3.200 mortos, diz a ONU

Desde o início do conflito entre a Ucrânia e separatistas russos em abril, cerca de 3.200 pessoas foram mortas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Em julho, um Boeing da Malaysia Airlines que fazia o trajeto entre Amsterdã e Kuala Lumpur
 explodiu em pleno voo em 17 de julho, aparentemente atingido por um míssil no leste da UcrâniaA aeronave transportava 298 pessoas, incluindo 193 cidadãos holandeses.

Neste domingo, a tensão se intensificou antes da retirada de tropas do leste da Ucrânia. O exército ucraniano vigiava atentamente o cumprimento de uma trégua com os separatistas pró-russos no leste do país, pouco antes de uma retirada de combatentes das duas partes que irá permitir a criação de uma zona desmilitarizada.

As partes em conflito iniciaram no sábado, às 18h (12h no horário de Brasília), um período de 24 horas em que devem respeitar escrupulosamente o cessar-fogo para iniciar uma retirada gradual de seus combatentes.

No entanto, neste domingo (28), explosões foram ouvidas por volta das dez horas da manhã (4h00 de Brasília) no centro de Donetsk, a principal cidade no leste da Ucrânia nas mãos dos separatistas, segundo a prefeitura local.

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